quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O que você quer?

Precisa-se querer saber muito sobre si para depois pensar em entender o outro. Precisa-se estar disposto a entrar num labirinto de desejos e feridas mal curadas, cortar a própria carne e ver do que ela é composta, beber o próprio sangue e ver que gosto tem, furar os próprios olhos e assim deixar de olhar para fora e passar a olhar para dentro.

A jornada em busca da própria alma é solitária e ao mesmo tempo cheia de gente. Gente que nos deu um nome, uma nacionalidade, uma língua pra falar, roupas pra vestir, que mataram nossa fome e saciaram nossa sede, gente que aprendemos a amar no meio do caminho, que passamos a odiar, que nos feriram, e nós ferimos... E diante de tudo isso, precisamos fazer as grandes perguntas. Quem eu sou? O que estou fazendo da minha história? E a mais difícil... O que eu quero? Sim... porque o que a gente não quer é muito fácil de saber. Basta notar nas escolhas que fazemos. Mas o que de fato queremos são outros quinhentos.

Vivemos perdidos em meio a milhares de centenas de desejos, eles nos regem e nos governam. Há quem diga que na verdade o que queremos mesmo é querer. Somos fascinados pela necessidade de desejar. Já dizia Nietzsche “Desejamos muito mais o desejo que o objeto a ser desejado” e isso é bem verdade. Basta observar que enquanto desejamos algo, buscamos incessantemente este algo, e quando por fim conseguimos, passamos a desejar automaticamente outra coisa.

Somos massa desejaste e ambulante sempre em busca do que nos falta pra preencher o vazio de existir. Como buracos negros sugando tudo e todos a nossa volta, e o mais importante: Desejamos somente o que nos falta.

Sobre o que eu quero já formulei minhas hipóteses... mas e você? Já começou a formular as suas?

3 comentários:

  1. Noossa.. me identifiquei DEMAIS. Estou me vendo em várias partes de seu texto. Aquilo que nos falta é o que mais nos preocupa e o que já temos simplesmente é deixado de lado. É como se a gente tivesse um objetivo só para um auto desafio e uma visão de capacidade própria de alcançá-lo.Quando é traçado o objetivo, novos aparecem.Por isso que aquele gostinho bom do que é mais difícil, acontece.. Gostei, gostei. Grande beeijo!

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  2. Não passaria pelo mesmo princípio o amor?
    Já dizia Freud: “Amar é dar o que não se tem”.
    Não seria justamente assim? Não acabamos dizendo o que gostaríamos de ouvir, agindo como gostaríamos que agissem conosco... numa tentativa desesperada que o outro nos complete?

    P.S: Que bom que está gostando. Meus devaneios costumam me ajudar a organizar as coisas... é bom saber que te ajudam também.

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  3. o problema realmente é quando não se sabe o que procurar... o desejar..
    sabe-se que algo esta faltando mas não se sabe como completar

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