sexta-feira, 22 de abril de 2011

FIM?

Todos sabem o quanto evito escrever sobre minha banda aqui no Macaco. Mas hoje foi impossível deixar passar, pois muitas vezes a história da Sonnora se confunde com a minha própria história. Sendo assim:

23:49h de sexta feira dia 22 de abril de 2011.

Uma grande decisão para tomar. Às vezes acho que não há muito a se fazer, após tudo que já foi feito. Milhares de desentendimentos, brigas, palavras duras lançadas...

Sempre tentei olhar pra trás e ver tudo que um dia eu fiz. Como lembranças de um dia bom. Agora me lembro do dia 28 de junho de 2008,

Voltava muito ansioso de Aracaju. Tinha ido passar o São João com minha namorada e decidi voltar mais cedo. Há aproximadamente um mês um amigo, Cleo Evert, com o qual havia tocado junto, nos tempos de escola, havia me ligado e convidado para um teste numa banda nova. Pensei, com bastante cautela e, por fim, com o apoio da minha namorada, decidi tentar.

Lembro-me do gosto daquela tarde. Eu estava nervoso e com soluço! (assim como estou agora). Não tinha a menor noção de como iria cantar assim. Meu teste foi um fiasco. Desisti daquela idéia, e segui com o velho plano. Muitos livros, artigos, vida acadêmica e nos fins de semana sempre tinha refúgio naquela que sempre foi e sempre será a garota que mais me entende no universo. Mirella.

Novo fim de semana. Meu celular toca, estava sendo convocado para mais um teste. A pessoa designada para aquele sábado havia faltado. Então, lá estava eu novamente. Enfim, depois de muitas discussões eu entraria na banda. Seria vocalista de uma banda de pop rock chamada... chamada... “Afinal, que nome vamos dar à banda?” Não sabíamos. Tudo que a gente sabia naquele momento era que era uma banda formada por Túlio Santana - no contra-baixo, Cléo Evert - bateria, Matheus Freire - guitarra solo, Vinicius Andrade (Wyllow) - guitarra base e eu, Henrique Kruschewsky - vocal. Cinco caras que não demorariam muito para se tornarem melhores amigos.

Lembro-me bem daquela época. Contávamos os dias para o sábado, dia de ensaio. Ensaio era sagrado e - ai de quem se colocasse no caminho dele. Podia ser a mãe de quem fosse, namorada de quem fosse. Se o ensaio fosse cancelado, juntos, éramos capazes de desencadear a Terceira Guerra Mundial. E foi assim que, num cansativo dia de sábado, decidimos, por acaso do destino, escolher definitivamente o nome da banda. Entre tantos outros: O Núcleo, Radar, etc, etc, etc... Túlio abriu um livro e lá estava “onda sonora”. Olhamos um para a cara do outro como se tivéssemos descoberto a cura do Câncer. Gritamos em uníssono: SONORA. Logo virou Sonnora! depois SONNORA. Três meses depois estaríamos nas paradas. 1º disco gravado. Feliz Cidade, Dr. Frankenstein, Carpe Diem, Outono, Porque Tem Que Ser Assim e Tudo Vai Passar.

Lembro-me da primeira vez que ouvi o disco. Estava em Minas Gerais. Era a coisa mais perfeita do mundo. Eu estava orgulhoso. Tínhamos trabalhado duro naquilo. Logo “Tudo vai passar” tocaria na rádio e a gente começaria a fazer shows por ai.

Olhando para o passado, não é difícil perceber que, por mais imaturos que fôssemos, ou, por mais diferente que cada um de nós fosse do outro, éramos amigos, tocávamos juntos, nos divertíamos juntos, curtíamos juntos. Era um tempo bom.

Não havia muita coisa que pudesse abalar o grupo. Nem o sobrenatural.

Lembro da viagem para Salvador. Hoje tiramos boas risadas disso, mas na época foi bem, digamos...diferente.

Havíamos visto um homem morto dentro de um carro. Ao que parece, ele morreu tão de repente que nem deu tempo de tirar as mãos do volante. O fato é que, impressionados ou não com o fato, passamos a ouvir vozes por todo o apartamento, passos no corredor e todo o tipo de bizarrice possível. Nesta noite rezamos juntos, dormimos todos juntos e decidimos juntos como iríamos voltar para a nossa cidade no dia seguinte.

Éramos uma banda enquanto éramos “nós”. E não foi a saída de Túlio que fez com que deixássemos de ser uma banda. Foi muito antes disso. Foi quando a gente achou que, o que quer que a gente dissesse um ao outro, não seria pessoal, foi quando a gente achou que a música se faz mais com instrumentos bons e muita técnica, do que com sentimento e desejo, foi quando a gente passou a achar que éramos melhores que nossos próprios companheiros, na verdade esta ultima afirmativa é um engano, o certo é que foi quando passamos a nos achar melhores, quando ensaiar passou a ser um sacrifício. Deixamos de ser banda, quando deixamos de nos respeitar e assim deixamos de respeitar um ao outro, quando passamos a achar que éramos todos SUBSTITUÍVEIS.

De tanto ouvir de milhares de pessoas que me pareço com Renato Russo, coisa que, em verdade, acho um absurdo, vou me aproveitar disso só um pouquinho e usar um trecho de uma música dele:

Às vezes parecia que de tanto acreditar em tudo que achávamos tão certo teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais, faríamos floresta do deserto e diamantes de pedaços de vidro.

Mas percebo agora que o teu sorriso vem diferente, quase parecendo te ferir. Não queria te ver assim quero a tua força como era antes. O que tens é só teu de nada vale fugir e não sentir mais nada.

Às vezes parecia que era só improvisar e mundo então seria um livro aberto. Até chegar o dia em que tentamos der demais vendendo fácil o que não tinha preço. Eu sei é tudo sem sentido...”

Acho que esse pequeno trecho traduz tudo que gostaria de dizer a todos esses caras. Túlio, Cleo, Matheus, Helissom, Wyllow. Sei, também, que já demorei demais com isso, mas é que, se acabar este texto já é difícil, imagine acabar com a Sonnora?

O fato é o seguinte: hoje a Sonnora recebeu um golpe muito duro, e pode ser que ela não se re-erga de agora em diante. Mas até o momento, até o horário desta postagem “O PULSO AINDA PULSA.”

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Quando Fui Fred Astaire

Como prometido, tá ai a música do Jay Vaquer!



Começou a faltar gravidade naquele dia
E o que não se amarrava,
Voava até se perder

Declarado estado de calamidade
E o que se temia
Ninguém explicava
E eu ficava sem entender


Ouvi dizer que tinha a ver
Com a grande mudança no universo
Uma alteração na dimensão de um outro espaço qualquer

Coisa muito difícil pra macaco sabido compreender
E eu que sempre sonhei em voar
Só queria sobreviver

Mas como não sabia o que ia acontecer
Aproveitava e dançava no teto
Feito fred astaire


E o mundo fazia sentido
De pernas pro ar
E o mundo visto ao contrário
Parecia no lugar


Começou a faltar gravidade naquele dia...



quarta-feira, 13 de abril de 2011

CHAMEM A MACACADA TODA E VAMOS COMEMORAR OS 1.000 VEWS DO MACACO SABIDO!

Pense numa idéia completamente sem pretensões! Foi assim que comecei o MACACO SABIDO. Comecei a escrever mais como uma forma de compreender um novo momento que começava a acontecer na minha vida. Tava tudo de pernas pro ar, de repente era como se um mundo novo começasse a se mostrar pra mim. Um mundo que eu não conseguia entender. De repente 1.000 visualizações nas maluquices que saiam da minha cabeça. Escrever é uma forma que encontrei de me deparar com um pensamento de forma lógica, refletir sobre ele e assim dar sentido ao caos

Acho que ninguém sabe, mas o blog tem esse nome, além do fato de sermos homo-sapiens-sapiens e termos um ancestral em comum com os macacos, por conta de uma música que escutava enquanto tinha a idéia de escrever um blog sozinho, diferente do blog “Nada a Declarar”, onde escrevia com minha grande amiga Bianca Magalhães. A música se chama “Quando Fui Fred Astaire” do cantor Jay Vaquer e traduz exatamente meu sentimento no momento do primeiro post.

Fico muito feliz quando passo nos corredores da Faculdade e encontro alguém dizendo que leu o blog. Acabamos discutindo alguma coisa. É sempre um grande prazer saber que de uma forma ou de outra eu acabei ajudando alguém com um texto. Minhas eternas confusões mentais. Obrigado aos que acompanham o Macaco Sabido, aos que comentam nos textos e sempre enriquecem uma ou outra discussão, aos que seguem o blog, a minha namorada que foi fonte de inspiração para muitos dos meus textos, aos que seguem meu Twitter, aos que me mandam e-mail sugerindo algum tema ou simplesmente passam aqui e lêem. Um abraço a todos os que colaboraram para esses 1.000 vews, as pessoas que influenciaram de uma forma ou de outra na concepção de um texto e aos blogs parceiros. A todos meu grande obrigado.

P.S: Vou colocar um post com a letra e a música pra vocês conhecerem!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Filipe

Este Poste é tenso. Acho que a postagem “Brincadeira de Criança” me deixou

meio nostálgico e me fez lembrar uma série de coisas.

Acho que toda criança que se preze já teve uma figura desse tipo na vida. O Melhor amigo e o arquiinimigo compilado e resumido numa única pessoa. O PRIMO PENTELHO. Filipe era meu primo mais novo. Acho que um ano ou dois. Suficiente pra brincarmos juntos e juntos travarmos guerras dantescas.

Estudávamos a semana toda em escolas diferentes, não nos víamos durante algum tempo, mas todos os fim de semana, durante aquele domingo na casa na casa dos meus avós lá estava ele e seus brinquedos. Enquanto eu rezava todas as noites, comia tudinho que tinha no prato, tirava boas notas e fazia de tudo para ser um bom filho esperando naquele aniversário, dia das crianças ou qualquer festividade que envolvesse presentes ganhar um boneco dos Comandos em Ação ou Cavaleiro dos Zodíaco o gordinho tinha a zorra toda. Coleções completas de brinquedos que ele fazia questão de carregar pra onde fosse. Me sobrava juntar uma meia dúzia de S.O.S Comandos (uma versão mais barata dos comandos em ação) e chamá-lo para brincar na esperança de compartilharmos os brinquedos. No fim escutava sempre a infame frase:

“Minha mãe comprou pra mim e não pra você”

PUTA MERDAAAA!!! AI O PAU QUEBRAVA. Não havia um único fim de semana que a gente não brigasse e que a gente não acabasse de castigo. Eis que no momento surgia sempre um anjo em auxilio de nós dois. Alguém que sabia consolar como ninguém e que sabia exatamente o que a gente precisava. Minha Tia RITA. Tia de nós dois por sinal. Ela tinha o dom de fazer a gente parar de brigar e acabarmos nos entendendo durante alguns minutos. Me dava presentes escondidos de meu pai e tentava de uma maneira ou de outra estreitar as diferenças “brinquedonais” (kkkkkkkk) entre a gente.

Acho que o momento mais difícil foi quando o infame primo em questão mudou pra mesma escola que eu estudava. Não satisfeito em ser mais novo (coisa que apesar da idade ele nunca assumia) e me envergonhar diante da família, agora ele me envergonhava diante da escola. Meu ódio é que os poucos amigos (um ou dois) que eu tinha na escola achavam ele o Maximo.

Um belo dia Filipe foi embora, foi morar em outro estado. Fiquei triste pra caramba, não tinha mais com quem brincar nos fins de semana. Passamos anos sem nos ver. No fim sobrou a grande amizade. Vejo o gordinho, que nem é mais tão gordinho assim, como um irmão mais novo, na verdade um irmão do meio (visto que tenho uma irmã mais nova que ele). Nos vemos pouco, mas nos falamos com uma certa freqüência, mas é sempre como se tivéssemos nos encontrado ontem.

Bons tempos aqueles. Das brigas e brincadeiras sobrou somente à saudade que sinto daquela época, das pessoas que faziam parte da minha infância e hoje não estão mais presentes simples mente pelo fato de termos perdido o contato ou de terem nos deixado cedo demais.

É acho que já fui piegas de mais e queria só, no fim do post, fazer uma homenagem ao meu avô Gilberto, meu primo Junior (irmão de Filipe, na foto ao fundo), Minha tia Aida (mãe de Filipe) e minha tia Rita que já partiram deste mundo deixando saudades aos que ficaram. A eles eu dedico essas memórias.

Brincadeira de criança

Essa semana fui comprar um presente de aniversário para o filho de um amigo da família que ia fazer 11 anos. Pensei bastante antes de escolher alguma coisa, por fim entrei numa loja de brinquedos e olhando todas as opções escolhi, com um misto de surpresa e nostalgia, um bonequinho do Gi Joe (conhecidos nos anos 90 como comandos em ação). Quando iria tirar o bonequinho da prateleira chegou uma infame vendedora, que é o motivo de eu estar escrevendo este poste, e travamos o seguinte dialogo:

- Boa tarde senhor. Posso ajudá-lo?

- Claro. Estou procurando um presente para criança.

-Quantos anos?

- Vai fazer 11.

- E o que o senhor esta pensando em comprar?

- Pensei em bonequinhos. Achei este bacana_ e apontei o Gi Joe.

- Crianças não brincam mais com isso (risadinhas). Porque o senhor não da uma olhada na nossa seção de jogos para vídeo game?

Neste momento Minha cabeça entrou em parafuso. Pensei: Que diabos esta acontecendo com as crianças de hoje em dia? Eu brinquei com bonequinhos até quase uns 15 anos. Lembro que os Comandos em Ação era o desejo de toda criança da minha época e custava uma fortuna. Lembro quando ganhei da minha tia Rita meu primeiro comandos em ação, passei o mês trancado no quarto inventando arte. Lembrei dos Legos, dos Playmobils e toda aquelas tralhas que faziam parte dos fins de semana com meu primo Filipe. Quem não se lembra do Pogobol? Uma zorra de uma bola, com uma plataforma fixa no centro que a gente passava a tarde toda pulando em cima?

Eram bons tempos. A gente subia em arvore, brincava de pega-pega, Policia e ladrão (que depois evoluiu para um jogo de computador chamado Counter Strike), jogava gude (vivíamos com a unha do polegar afundada por conta dos pitoques), batíamos figurinha no pátio da escola (minha geração era fanática por colecionar figurinhas em álbuns e as repetidas, quando não eram trocadas, iam para arena de bafo).

Mas de todas as brincadeiras que fazíamos na infância a que eu mais tenho saudades é a divertidíssima Corrida de Tampinhas. Consistia no seguinte:

A gente catava uma enxada e arrastava no chão para fazer um circuito de corrida onde depois a gente colocava uma série de obstáculos, buracos, rampas, pedacinhos de madeira, areia, terra molhada e por fim as tampinhas que iriam competir na corrida. Cada um tinha direito a 3 petelecos na tampinha e quem completasse o circuito primeiro ganhava a brincadeira. Caramba... Era uma guerra. Lembro que tinha campeonato disso, com troféu e tudo. Hoje se você perguntar a uma criança o que é Picula possivelmente ela não vai saber te responder.

Acho que um tópico a parte eram os desenhos animados que sempre tinham algo a ensinar no fim do episódio. Eu era fã do He Man, Capitão Planeta, Jaspion, Jiraia, Lion Man sem falar nos programas tipo X Tudo, Glub Glub e Castelo Ratimbum (quem não aprendeu a lavar as mãos e tomar banho com Castelo Ratimbum não teve infância) a gente não podia perder mesmo que tivesse prova de Ciências ou Estudos Sociais no dia seguinte.

Todo esse filme passou na minha cabeça durante alguns segundos enquanto a vendedora pegava joguinho do Bem 10 para o PlayStation 2. Lembrei do abestalhado do Yudi, do programa Bom dia e Cia do SBT, Gritando como um retardado: "PlayStation!, PlayStation!, PlayStation!". Tive pena dos meus filhos.