
As coisas aconteceram de uma forma muito louca. Fui do céu ao inferno diversas vezes e minha vida deu uma reviravolta inesperada. Gente morreu, gente partiu, gente me odiou, gente me amou, gente tentou me matar, gente tentou me salvar, enfim... O fato é que quando estávamos no segundo mês do ano eu já queria que ele acabasse.
Mas embora o meu balanço de ano tenha sido desta forma, digna de um drama europeu, uma coisa eu não posso negar sobre 2010. Ele foi um ano imprevisível. Tanto na forma que começou, quanto na forma que vai terminar. É como se eu tivesse sido obrigado a amadurecer 23 anos em um. Tive que olhar pra coisas bem desagradáveis e perceber que a vida não é um livro que eu escrevo dia após dias... Não é um livro, nem sou eu que escrevo. Não controlo absolutamente nada. E foi justamente isso que 2010 me ensinou.
Por mais que eu tente prever, alterar, concertar, manipular, as coisas vão continuar acontecendo quer eu queira quer não. O mundo vai continuar girando, as pessoas continuarão mudando, gente indo embora, gente nova aparecendo. E por mais que eu goste das pessoas que estão ao meu redor elas vão continuar seguindo suas vidas, independente do meu desejo, e algumas vão embora e eu tenho que deixá-las ir mesmo que me parta o coração.
Esse ano, provavelmente passarei a virada sozinho. Não por opção, claro, ninguém opta por passar a chegada do ano novo só, mas no fim será bom, quero estar pronto. Chorar minhas perdas, agradecer minhas vitória e, no final, ter um encontro comigo mesmo. Deixar meu velho eu para trás e estar aberto não só para um ano novo, mas também para um eu novo.
Rsrsrrsrss... Passei uns 15 minutos olhando para este texto ou som de Bedshaped (música do Keane), pensando sobre o que acabei de escrever, acho que acabei sendo injusto com o pobre 2010. Acho que se ele fosse um velho, sentado numa cadeira ao meu lado e lendo o que escrevi, ele provavelmente me diria: “Porque você insiste em ver, desta forma, a ajuda que eu dei a você?”
Então deixa eu ter a chance de me despedir direito dele.
Adeus 2010. Vai em paz. Eu aprendi a lição. Lá na frente eu sei que você vai ser como aquele sermão chato ou aquela surra que a gente tomou quando era criança mas que vamos agradecer para o resto da vida. Vou estampar uma camiseta em sua homenagem dizendo “2010. Eu sobrevivi.”