quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Nerds: A pré-história. (prólogo)

Não me leve a mal, mas eu vim de um mundo onde ser Nerd era um defeito congênito, uma disparidade cromossômica e pelo que parecia, algo contagioso. Claro, digo contagioso não pelo fato de que encostaríamos em alguém e de repente aquele alguém passaria imediatamente a ser Nerd. Muito pior. Mesmo sabendo que não corriam o risco de se contagiarem com nerdisses as pessoas ficavam a quilômetros de distancia de nós.

É difícil dizer de onde veio o primeiro Nerd. Muito possivelmente na pré-história um de nossos ancestrais peludos lapidava uma pedra de forma a deixa-la sem arestas e enquanto dava o nome de roda ao seu produto final era acertado por cocos e cascas de bananas sob o largo riso da galera que compartilhava a caverna. Nascia ai o primeiro Nerd.

É muito novo este modelo de Nerd que encontramos hoje em dia, pessoas extremamente influentes e bem relacionadas. Perguntei a uma garota ultimamente que tipo de garoto ela gostava e recebi uma resposta “na lata”: Gosto de uns carinhas meio nerds. MEUS DEUSES! É UM ADIMIRÁVEL MUNDO NOVO QUE DESPONTA A NOSSAS VISTAS. Quantos sofreram para que isso pudesse acontecer? No meu tempo ser nerd era meio bizarro. A gente era um tipo marginal magricela e de óculos, parias da sociedade estudantil. Na nossa cabeça era diferente, é claro. Achávamos que éramos um tipo de super-heróis injustiçados com um arqui-inimigo claro e evidente. Os valentões.

Muito antes de o Bulling ter este nome tão chick ele funcionava mais ou menos como a natureza hostil da pré-história, selecionava os mais fortes (o que se pensava). E como no tempo dos macacos, vivíamos sobre a opressão do valentão, que como macho alfa não só sentavam a porrada nos mais fracos (no caso nós, Nerds) como também ficava com a maioria das fêmeas. A nós sobrava escondermo-nos ou usarmos da nossa criatividade para elaborar pequenas vinganças que podiam tomar a forma de qualquer coisa desde um sanduiche untado no urinol, que de certo seria roubado no horário do intervalo, até uma carta com letra falsificada esculhambando professora. No fim das contas o que eles não contavam é que na natureza não é o mais forque que sobrevive, mas sim o mais adaptável, e nesse quesito éramos nós.

Eu era um Nerd. Era não... SOU, mas isso já soa como obvio. Acho q o primeiro sintoma que os Nerds apresentam na infância é a facilidade de brincarem sozinhos (na maioria das vezes desmontando os brinquedos para descobrir como funcionam). Eu era uma dessas crianças. Desde muito cedo eu comecei a usar óculos, isso somado com a crescente timidez foram minha marca registrada por muitos anos. Adorava bonequinhos, videogame, seriados (Jaspios, Jiraya, Jiban...); desenhos animados (He-Man, Thunder Cats, Capitão Planeta...). Não conseguia me socializar muito bem... Era incrível a facilidade que as outras crianças tinham de rir de mim (essa situação era um tanto curiosa) e o que não facilitava nem um pouco a minha vida era o fato de meus pais fazerem de tudo para que eu conseguisse interagir com outras crianças e quando eu falo TUDO, é tudo mesmo.

Este é só o primeiro capítulo da história, Nerds, a pré-históra, que passarei a contar, aqui no Macaco Sabido. Pela primeira vez contarei em capítulos uma comédia, a comédia da minha vida. Então, até lá! VIDA LONGA E PRÓSPERA!

2 comentários:

  1. Aiiii meuuuu Deuuusss... tenho até med do que vem por ai rsrsrsrs, tenho certeza que irei rir muito. Escrvendo muito bem como sempre irmão. Parabéns. Vida longa e próspera!

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  2. Minha versão masculina, com "pontos fracos" LOL ;]
    Ótima escrita, amigo! Só dá uma corrigida no erro de digitação: "não é o mais forque que sobrevive"
    Beijos, Kyze.

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