segunda-feira, 13 de junho de 2011

Narciso e o amor.

Tem muita gente curiosa pelo trabalho de monografia que eu e Jailson temos desenvolvido ao longo deste semestre. É certo que ainda estamos na fase do projeto e que ainda iremos apresenta-lo a uma banca para só a partir deste ponto começaremos de fato a epopeia da monografia. Vou aproveitar e publicar aqui uma previa de como estamos pensando o amor e aproveitar para convidar a todos para a nossa pré banca nesta Sexta feira às 14:00h no auditório da Faculdade Nobre. Abraços a todos.


No cotidiano, percebemos a fragilização dos relacionamentos amorosos, seja por conta, talvez, da falta de um modelo padrão, nossos pais por exemplo, ou pela substituição do verbo “estar” pelo verbo “ficar”. O fato é que percebemos também que o amor, seja ele em sua forma mais simples ou mais complexa, tem tomado uma conotação individualista, um “aproveitar-se” do outro como forma de satisfação pessoal. Mas será que somente hoje ele passou a ter este aspecto?

Percebemos desde tempos mais antigos, com o amor romântico, ou até mesmo o trovadorismo e seu amor cortês, que o amor ainda assim tem um aspecto de satisfação pessoal. O amor cortês do século XII possuía a implicação de ser um amor impossível e a beleza deste amor era a impossibilidade da concretização, onde o sujeito extraia satisfação, ou o gozo, segundo Lacan, da impossibilidade deste amor, sem necessariamente ter algo haver com o outro. Sendo assim, não há como conceber o amor sem nele estar incutido uma questão meramente narcisista.

Se formos observar dentro da teoria psicanalítica as condições do desejo, facilmente perceberemos que não há como desejar algo que já temos; segundo Freud, nós só desejamos o que nos é faltante. Assim é também nas relações amorosas. Desejamos no outro o que nos é faltante e esperamos que este outro venha a nos completar. Mas se é um complemento que procuramos, o amor deixa de ser um lançar-se ao outro e passa a ser um eterno buscar a si mesmo tornando assim o encontro com o outro impossível tendendo a um fim como o de Narciso, no mito grego, afogado num lago em busca de si.

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